Um gatinho branco e outros olhos brilhantes

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cinthiacortegoso@gmail.com

De Londrina-PR

Naquele domingo de manhã, o sol estava muito radiante e o céu, azul… bem azul ‒ no sábado à noite, uma chuva mansa e demorada caiu para limpar e refrescar. No domingo soprava um ar fresco; era início de primavera.

Thomas estava na varanda perto da cozinha brincando com um jogo de que os meninos de sua idade gostavam. Diziam que era um jogo de muita paciência e observação para encontrarem as parecidas peças e desenvolverem a sequência de uma ação, um exemplo de uma seria um menino pegando a bicicleta e saindo para passear. E Thomas se concentrava. No entanto, naquele momento, não o suficiente, pois percebeu um gatinho branco passando rápido por ali, mas sem detalhes. O menino interessava-se muito pelo jogo para deixá-lo e procurar um suposto gato que até poderia ser apenas de sua imaginação.

A sequência de montagem do jogo estava muito interessante e num estágio que Thomas ainda não havia chegado. E mesmo muito concentrado, percebeu mais uma vez o gatinho, porém, agora o pequeno não passou rápido, veio aproximando-se, com algum receio, e o menino perdeu de vez a atenção pelo jogo e passou a olhar inteiramente para aquele gatinho branco que também olhava para o menino querendo dizer algo, talvez um pedido de ajuda.

O menino olhava para o animalzinho que tinha os olhos com tanto brilho. Ainda, com certa ponderação, o gatinho deu um passinho para trás. Mas Thomas falou com ternura:

‒ Não tenha medo, gatinho. Só quero conhecê-lo mais.

O bichano virou um pouco a cabeça querendo compreender, ou melhor, já compreendendo pelo tom carinhoso.

E Thomas, devagar, foi conversando e aproximando-se do gatinho branco que deixou o menino aproximar-se. E Thomas ficou bem perto e poderia fazer um carinho no frágil animalzinho que se sentando permitiu que o menino o acariciasse.

Menino e animalzinho em paz e respeitando-se. Thomas acariciava com leveza a cabeça daquele gatinho branco e este aceitava com gratidão o gesto. Porém, o olhar do gatinho dizia mais. Recebeu, mais alguns segundos, o carinho em sua cabeça, mas, de repente, pôs-se em pé e, como se chamasse Thomas para segui-lo, recuava miando. O menino simplesmente o seguiu.

Andaram uns minutos; o menino acompanhava o animalzinho. Thomas morava num vilarejo e toda a redondeza era mais rural que urbana. E passaram por um sítio e quando começaram a cruzar outro, o gatinho deu uma corridinha para chegar logo, como se chegasse ao local desejado. Isso mesmo. O gatinho branco esperou até que o menino chegasse. Parecia uma pequenina gruta.

Thomas abaixou-se um pouco para ver melhor o que estava dentro e quando olhou bem viu um gato querendo esconder-se, parecia também um gato branco, maior que o gatinho. O pequenino observou o olhar do menino que não se espantou muito, porém, em segundos esse olhar mudou completamente.

Outros olhinhos começaram a brilhar saindo de trás do gato. Eram olhinhos diferentes e não eram gatinhos brancos. Saíram e ficaram à frente do gato que os protegia. Thomas não acreditava. Aqueles olhos não eram de gatinhos. Eram cinco pares de olhinhos de esquilos.

‒ Nossa! Não são gatos!

O gatinho branco observava o menino. O gato maior deveria ser a mamãe do gatinho, Thomas compreendeu. E aqueles olhinhos brilhosos vieram para frente para saber quem os observava. Curiosidade nata.

Então, era possível entender que a mamãe do gatinho branco estava cuidando dos cinco pequenos esquilos que certamente estavam órfãos. No entanto, todos, os esquilos e os gatos precisavam de ajuda. E Thomas, que era um menino e mais capaz que os pequeninos, sentiu a responsabilidade e o carinho em ajudá-los.

Depois de uma semana, também no domingo de manhã, Thomas estava brincando novamente com seu jogo, porém, na companhia de uma corajosa gata mamãe, um adorável gatinho branco e cinco alegres esquilos muito belos e brincalhões.

(Cínthia Cortegoso)

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